No cenário econômico atual, a educação financeira emerge como uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento sustentável e a inclusão social. Bancos e fintechs, reconhecendo seu papel crucial neste processo, estão adotando abordagens inovadoras para promover uma maior conscientização financeira entre seus usuários.
O tema é tão relevante que a Lei 14.690, de 2023, “impôs ao CMN, por intermédio do BC, a responsabilidade pela regulação de medidas de educação financeira como forma de prevenção ao inadimplemento das operações e do superendividamento”. A norma entra em vigor a partir de 1º de julho de 2024 e as instituições autorizadas deverão cumprir diversos requisitos. De acordo com a resolução conjunta nº 8, de 21 de dezembro de 2023, as instituições devem indicar ao Banco Central um diretor responsável pelo tema. Pela U4C, instituição de pagamento, sou o executivo perante ao Banco Central, para operar como diretor responsável por medidas de educação financeira, por exemplo.
A cada dez adultos no Brasil, quatro estão inadimplentes, de acordo com a Serasa Experian (LON:EXPN). Além de assistirem ao crescimento de suas dívidas como bola de neve (pela incidência diária de multa, juros e correção monetária), o total de pessoas em situação de endividamento de risco cresceu de 8,4 milhões, em dezembro de 2017, para 15,1 milhões, em março de 2023.
Uma explicação para a alta inadimplência está na situação econômica do país, historicamente delicada, com salários baixos e desemprego elevado. Mas essa não é a única causa. As contas não pagas também têm um componente individual: o chamado analfabetismo financeiro. A expressão, que remete ao analfabetismo funcional, é recente e vem sendo utilizada por universidades e instituições como o Banco Mundial.
A educação financeira tem um papel fundamental na desconstrução do consumismo, contribuindo diretamente para a preservação do meio ambiente e a estabilidade econômica. Ao promover um uso mais consciente e inteligente do dinheiro, reduz-se a inadimplência, o que, por sua vez, contribui para a queda das taxas de juros e da inflação. Esta abordagem não apenas preserva o valor da moeda, mas também incentiva um comportamento de consumo mais sustentável, alinhado com os princípios de desenvolvimento sustentável.
Dan Houston, presidente e CEO da Principal Financial Group (NASDAQ:PFG), enfatiza a inclusão financeira como essencial para o progresso econômico global. Esta visão é corroborada por uma pesquisa do Centro de Pesquisas Econômicas e Empresariais (CEBR), que destaca a correlação entre inclusão financeira e desenvolvimento econômico. Países com alta inclusão financeira, especialmente na Europa, apresentam indicadores sociais e econômicos superiores, destacando a necessidade de uma educação financeira robusta como meio de promover a inclusão e a resiliência econômica.
A pesquisa do CEBR identifica três pilares fundamentais para a inclusão financeira: apoio governamental, apoio ao sistema financeiro e apoio aos empregadores. O estudo sugere que uma abordagem integrada, que combine esses três pilares, pode acelerar o desenvolvimento de mercados de capitais robustos e promover um crescimento econômico inclusivo. No Brasil, que ocupa a 35ª posição em inclusão financeira, iniciativas como a ação Educa+ Mulher (Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) e o programa Aprender Valor (Banco Central) exemplificam esforços para promover a educação financeira e a inclusão financeira de grupos vulneráveis.
Bancos e fintechs estão na vanguarda da inovação em educação financeira, adotando estratégias que vão além dos métodos tradicionais. A gamificação da educação financeira, por exemplo, representa uma abordagem revolucionária, transformando o aprendizado em uma experiência interativa e envolvente. Por meio de desafios, etapas e recompensas, os usuários não apenas aprendem conceitos financeiros essenciais, mas também são incentivados a aplicá-los na prática, promovendo uma gestão financeira mais eficaz e consciente.
A tendência de transformar aplicativos financeiros em plataformas de gamificação e marketplaces de produtos e serviços é uma estratégia inovadora para promover a educação financeira. Esta abordagem não só fideliza clientes, mas também os capacita a tomar decisões financeiras mais informadas e responsáveis. Além disso, a regulamentação dos aplicativos de apostas no Brasil abre novas possibilidades para integrar a educação financeira em plataformas até então não exploradas, ampliando o alcance e o impacto dessas iniciativas.
A lei 14.790, que regula as apostas esportivas e jogos online no Brasil, traz no seu contexto a responsabilidade social das empresas e a educação financeira se encaixa muito bem no cenário. As empresas de apostas esportivas em conjunto com as instituições autorizadas pelo Banco Central podem promover iniciativas inovadoras e efetivas para a educação das pessoas. Linkando inteligência artificial ao modelo de gamificação, pode levar aos usuários o uso responsável das apostas ao convívio do aprendizado financeiro, fazendo com que as apostas não os leve aos endividamentos ou consumo irresponsável.
Com certeza teremos muitos desdobramentos neste contexto de educação financeira, um mundo de oportunidades se abrem e será uma das principais pautas dos executivos do mundo financeiro nos próximos anos.